sábado, 3 de março de 2012
quinta-feira, 1 de março de 2012
Tati Rebello com muito orgulho
DESPIR PADRÕES. VESTIR SENSAÇÕES




Por Karine Rossi (A Florista)
A moda é arte. A roupa é mídia e cada pessoa pode ser vista como uma escultura ambulante, uma mensagem expressando-se pelo caminho. Pena que tanta gente não se dá conta disso e vive a vida reproduzindo formas de se vestir (e formas de pensar, formas de gostar das coisas e muitas outras formas “dê” que não têm “nada-a-vê”).
Tati Rebello é artista. Ela sabe manifestar seus pensamentos e sentimentos, juntando coisas (ela usa material de descarte) costurando ideias e imprimindo sua verdade em esculturas, fotografias, poesias, instalações e vestimentas mais que especiais, que ela chama de moda sensorial. Tati cria e desenvolve peças de vestuário, considerando a história de cada pessoa: seus sentimentos, sonhos… é um processo lúdico, carregado de simbolismo. “As cores, a textura, tudo é pensado especialmente para a pessoa. É mais do que uma roupa – é uma leitura artística de alguém”, me disse Tati. Ela também me disse outra coisa sensacional: que o mundo já está lotado de arte e beleza, e por isso, gosta de trabalhar a questão do ego x materialização da arte, usando o lixo e transformando materiais. Aprendi a perceber essas coisas com a Tati Rebello, sem que ela tivesse a menor pretensão de me ensinar.
Arte não se ensina, mas se aprende.
Tati Rebello, por ela mesma
Fui gerada no final da década de setenta na cinza São Paulo da ditadura, filha de uma artista plástica e um piloto de avião, que morreu de câncer dias antes do meu nascimento, aos 23 anos. O fato de ter crescido rodeada de arte e experimentação, associado à certeza de que a vida é muito curta, me fez ainda nova questionar valores, regras e imposições sociais. Certa inconstância, uma vontade de mudar tudo de tempos em tempos, buscar novos pontos de vista, novas cores, novos lugares… Conexões reais, sentido, razão para ser e fazer o que quer que seja.
O tecido que me cobre…
Corto e costuro panos desde criança. Sempre vi a moda como expressão, a palavra calada da vida “urbanoide”, multidões desconhecidas conversando desatentamente, usando apenas a linguagem corporal e a vestimenta com todos os seus acessórios, símbolos e mensagens. Confesso que o outro lado do “mundinho” me cansa, suas regras, “estrelismos”, o consumismo, a futilidade sem personalidade.
Tudo é arte?
Não me lembro de um começo, a arte sempre esteve lá, nas paredes da minha casa, nos livros sobre a mesa da sala, nos muitos materiais que minha mãe me dava para brincar, para pintar e desenhar, estava lá o tempo todo, um laboratório constante, uma oficina de arte. Demorei a assumir que eu era artista. Não gosto de rótulos, era mais fácil não me classificar, não ter que me limitar. Meu trabalho não é linear, busco constantemente misturar técnicas e áreas de atuação artística, como materialização de meus questionamentos, meus sentimentos e sensações. Neste processo a música tem papel fundamental, a vibração sonora dá ritmo ao meu trabalho, mesclada com as cores, as texturas dos muitos materiais de descarte de que faço uso.
Minha contribuição social se faz por meio da entrega… Em cada trabalho, em cada parceria, um pouco de mim é deixado e muito de todos me é presenteado. Sigo colorindo meu mundo, transformando o já descartado, o esquecido e o não olhado. Aceito minhas ideias, permito um novo pensar… poesia, fotografia, escultura, design, moulage, toy art, street art…a palavra escrita e o imaginar.
Tati Rebello tem muito pra mostrar. Veja!
Assinar:
Postagens (Atom)